Resumo |
São fragmentos dispersos, trechos de diários, escritos de viagens, fantasias e reminiscências... No final das 147 páginas, o quebra-cabeça se monta e os pedacinhos de vida ganham um sentido maior. Em A disciplina do amor, lançado em 1980, a escritora Lygia Fagundes Telles aparece em estado bruto. E convida o leitor a passear pela sua psique, com direito a viajar em suas inquietações e a provar de suas fantasias.
O livro é feito de pequenas obras-primas que nos permitem conhecer um pouco mais o imaginário de uma das mais consagradas escritoras da língua portuguesa. Para ela, "o senso de humor não é negro, nem vermelho, nem azul mas tem as sete cores do arco-íris numa faixa só". Mais adiante, escreve: "É preciso dar uma margem de liberdade não só aos personagens mas também aos bichos." E intercala histórias de suas viagens à China e à Sibéria a trechos do livro de cabeceira As confissões de santo Agostinho.
Mas, afinal, a disciplina é uma virtude do amor? No livro, a autora responde a um amigo que considera o amor indisciplinado por natureza. "Isto só na aparência, na casca... lá nas profundezas ele é de uma ordem e de uma harmonia só comparável à abóbada celeste." No fragmento que dá título à obra, Lygia conta a história de um cachorro que durante a Segunda Guerra, na França, todos os dias refazia o antigo percurso do dono morto no combate. "Com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que não voltou... |