Resumo |
Poucos textos, como O Conde d’Abranhos, se tornaram tão célebres nas letras portuguesas e tantas vezes nenhum outro foi citado como um dos mais polémicos que Eça de Queiroz concebeu. Retrato de um político - do «político», diríamos - recupera a lição que no seu tempo era ainda fortíssima e que se impusera como arquétipo do procedimento público de certas figuras que desde as lutas domésticas tinham dominado a cena política nacional. Não sabemos hoje se o Conde d’Abranhos corresponde a um modelo ou se pretende retratar uma personagem real, naturalmente caricaturizada e exagerada. No entanto em muitos aspectos da caracterização do Conde estão latentes algumas das facetas de diversos políticos do século XIX cuja actuação e actividades escandalizaram finalmente a nação após o que parecia ser o curso impune das suas imoralidades e perfídias. Obra de notável perspicácia social onde o grande escritor revela, uma vez mais, a sua extraordinária capacidade analítica, O Conde d’Abranhos é um texto audaz e infelizmente inultrapassado em tantos aspectos da crítica mordaz e da sátira que nele atingem momentos inexcedíveis. |