Resumo |
Na obra em questão, Lorca canta seu amor ilimitado, com felicidade e tormento, alegria e tristeza da carne e do coração, erguendo um brilhante monumento lírico-erótico. Nos onze sonetos que compõem a série, podemos encontrar os ecos da lírica amorosa da tradição literária espanhola: ora o timbre melancólico de San Juan de la Cruz, ora ressonâncias dos sonetos de amor de Quevedo, ora a plasticidade barroco-musical que constitui é o cunho dos sonetos de Gôngora, e também a influência da poesia de Shakespeare. Lorca canta o amor obscuro; o amor secreto; o temor da perda e da separação; a dor da obsessão e a angústia de que se impregnam o espaço e o tempo. Através da obscuridade lingüística – fonte natural de metáforas e imagens belíssimas — o poeta lamenta as “túrbidas palavras” que vêm mordendo o espírito dos amantes. O drama do poeta expõe-se sem jamais descer ao vulgar, e sempre com aquela distância de que se projeta toda a verdadeira arte. É exigência da família de Federico García Lorca que se publiquem, em livro, “Os Sonetos do Amor Obscuro” acompanhados da coleção de poemas “Divã do Tamarit”. Ambos os conjuntos são, de fato, contemporâneos (1935/1936), e têm ainda como pontos de afinidade a circunstância de serem póstumos, e de terem uma atmosfera quase sempre onírica e sobretudo erótica. |