Resumo |
"O Dia de Ângelo", é o primeiro romance do autor e narra a ficção de um modo tão vivo que se mistura com a realidade, uma vez que toda a trama é construída sob um contexto histórico verídico. Mais do que uma história com início, meio e fim determinados, Frei Betto busca abordar profundamente a condição humana frente à restrição de sua liberdade. Assim o faz tanto do lado padecente quando do lado castigante.
Ângelo P. é um jornalista detido como "terrorista" pela Ditadura Militar dos anos 70. Sua principal acusação era a de participar dos movimentos socialistas de oposição fazendo circular cartas que iam contra os militares. Na prisão, Ângelo sofre sozinho e abandonado na solitária. Tão só que a companhia de uma aranha, uma barata ou um mosquito se tornam suas principais distrações. Em meio ao tédio das infindáveis horas passadas no cárcere, Ângelo se esforça ao máximo para fazer de si uma companhia para si mesmo. No entanto, as pretensiosas desculpas dos militares o fariam terminar com o corpo pendendo de uma janela, levando consigo a explicação de que era um "louco e por isso cometera suicídio"
Frei Betto divide sua obra em três partes: 1ª o dia de Ângelo; 2ª a manobra para inocentar os militares; 3ª o desfecho da história com a revelação da verdade por parte de quem fizera as vezes do torturador. Ângelo condensa em seus curtos momentos na prisão a riqueza de uma subjetividade que se depara com o limite da própria vida, sentindo que pulsa ao encontro da morte. |